Dicionário de Samuel Mânica Radaelli descreve com bom humor o léxico pela perspectiva conservadora
Edição: Vitor Diel
Arte: Giovani Urio sobre reprodução
A ressignificação de palavras da língua portuguesa por uma abordagem humorística é uma tradição brasileira que passa por nomes como Barão de Itararé, Millôr Fernandes e Leon Eliachar. Mais recentemente, no Rio Grande do Sul, Diego Lops construiu um dicionário de palavras inexistentes que provoca risos pela sua criatividade. Agora, quem dá continuidade à tradição de explorar o potencial da língua, das palavras e seus significados é Samuel Mânica Radaelli com seu livro Direcionário, o dicionário reacionário. A publicação já está disponível pelo site da Artes e Ofícios.
Carregada de ironia, deboche e crítica social, a obra pode ser lida como uma crônica política ao apresentar o significado de palavras e expressões pela perspectiva do conservadorismo brasileiro contemporâneo. Entre as palavras definidas estão Constituição (“documento que garante o direito dos que são bons como eu, mesmo quando esta forma de pensar viole os direitos dos outros e em seguida os meus”. Está claro?), Golpe (expressão do senso de oportunidade, quando praticado pelo “cidadão de bem”. Artimanha desonesta, quando praticado pelo “vagabundo”) e Mérito (atributo que os pobres precisam provar, enquanto que os ricos transmitem por herança. Qualidade que só os fortes têm).
Feito de forma caricata, permitindo-se ao exagero, busca refletir sobre o quanto as visões perversas e autoritárias deturpam o sentido de conquistas históricas, ao mesmo tempo que negam novas possibilidades a essa mesma História.
Sobre o autor
Samuel Mânica Radaelli, graduado em direito pela Unijuí, mestre em direito pela Unisinos e doutorado em Direito pela UFSC, professor IFPR Campus Palmas.

Direcionário, o dicionário reacionário
Samuel Mânica Radaelli
Editora Artes e Ofícios
128 p.
R$ 36
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