Ana Dos Santos aborda o luto, as poéticas negras e o erotismo em publicação pela Libretos
Edição: Vitor Diel com texto da assessoria
Arte: Giovani Urio sobre reprodução
A poetisa, escritora, professora de Literatura Brasileira e pesquisadora Ana Dos Santos lança Maiúscula, sua nova coleção de poemas publicada pela Libretos, no sábado, dia 13 de julho, às 17h30, na Bamboletras (Venâncio Aires, 113 – Cidade Baixa – Porto Alegre/RS). Antes dos autógrafos, será realizado um sarau poético.
Dividido em três partes por temas, o livro inicia falando da finitude em Escrevo uns versos, depois, rasgo, justamente por ser “um processo doloroso que me custou muitos rascunhos”, segundo a escritora. Na sequência, Pérola Negra faz uma homenagem ao poeta Luiz Melodia e as poéticas negras brasileiras. E finaliza com a série Afro Disíacas, com uma pegada erótica no sentido mais amplo do Eros, a relação com a vida, com o bem viver das mulheres negras e as deusas que nos habitam.
Um Porto
que não é Alegre
um rio
que talvez seja um lago
cidade
de contradições
mas onde
insisto
persisto
e sou
O processo de escrita durou dois anos, período que coincide com intensa produção acadêmica — quando ela desenvolveu sua dissertação de mestrado e o projeto de doutorado — e luto, tanto pessoal quanto coletivo. Em 2023, com a perda da mãe, a escrita de Maiúscula amadureceu com o tema da morte. “A escrita é um processo de cura, pelo menos para mim sempre foi. Eu escrevo diários desde a infância, e é nesses cadernos que a maioria dos meus poemas são construídos. E na pandemia senti muito a necessidade de expressar meus sentimentos e pontos de vista através da poesia”, explica.
Em 20 anos de trajetória, Ana observa que, como escritora negra no Rio Grande do Sul, está vendo e vivendo uma lenta mudança. “Depois de me formar em Letras, comecei o estudo da Lei 10.639/03 que trata da Obrigatoriedade do Ensino da História e Cultura Africana e Afro-brasileira na Educação. Esse processo de aprendizagem e conhecimento me trouxe a sensação de pertencimento a uma comunidade afro diaspórica ao redor do mundo. Junto veio a consciência da minha identidade como mulher negra e da luta das minhas ancestrais. Em 2017, fizemos o Segundo Encontro de Escritores Negros Gaúchos na Feira do Livro de Porto Alegre. Ali, eu estava junto ao Sopapo Poético reivindicando esse espaço das vozes negras na literatura gaúcha.”
“Não há tempo para a poesia, diz a poetisa. Pois este livro busca este tempo, cava, conquista. Palavras são ditas sem sombras, versos explodem em referências contemporâneas. Ana Dos Santos (assim, com D maiúsculo) vem provar que a literatura com história nasce por dentro da pele”, destaca a editora Clô Barcellos na contracapa do livro.
Sobre a autora
Ana Dos Santos (Porto Alegre/RS) é poetisa, escritora e professora de Literatura Brasileira. Mestra em Estudos Literários pela UFRGS, faz doutorado em Pós-colonialismo e identidades, onde pesquisa a escrita de mulheres negras e indígenas. É autora dos livros Flor (Corpos Editora/Portugal, 2009) e Poerotisa (Editora Figura de Linguagem/RS, 2019) – finalista dos prêmios Livro do Ano de Poesia da Associação Gaúcha de Escritores do Rio Grande do Sul (AGES) e Milton Pantaleão de Literatura Independente 2020 – Pequenos grandes lábios negros (Editora Venas Abiertas/MG) – vencedor do prêmios Milton Pantaleão de Literatura Independente 2021, categoria Poesia. Integra o catálogo Intelectuais Negras Visíveis (UFRJ) e é Acadêmica de Letras do Brasil/Rio Grande do Sul na cadeira 100 com a patrona Lélia Gonzales.

Maiúscula
Ana Dos Santos
104 p.
Libretos Editora
R$ 40
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