Novo livro de Sergio Faraco em pré-venda

‘Digno é o cordeiro’ dá continuidade a ‘Lágrimas na chuva’, livro em que o patrono da 70ª Feira do Livro de Porto Alegre narra sua dramática experiência na URSS

Edição: Vitor Diel com texto da assessoria
Arte: Giovani Urio sobre reprodução

Em 1963, Sergio Faraco, então jovem membro do Partido Comunista Brasileiro, viajou a Moscou para estudar. Acabou se indispondo com o autoritarismo vigente na União Soviética e foi preso em isolamento no Hospital do Kremlin (um hospital psiquiátrico, espécie de gulag urbano), para ser “reeducado”. Foram 100 dias de terror. Retornou em 1965 quando o Brasil já estava mergulhado na ditadura militar. E, recém chegado do “berço do comunismo”, voltou a ser sistematicamente perseguido, agora pelos órgãos de segurança da ditadura brasileira.

Esta é a história pessoal que Faraco resgata em Digno é o cordeiro, livro que dá sequência às memórias iniciadas com Lágrimas na chuva, obra lançada em 2002 em que o autor narra sua dramática experiência na URSS. A nova publicação será lançada oficialmente na 70ª Feira do Livro de Porto Alegre, no dia 3 de novembro, domingo, às 16h30, no Espaço Força e Luz (Rua dos Andradas, 1223), seguido por sessão de autógrafos às 18h. A obra já está em pré-venda no site da L&PM.

Confira um trecho abaixo:

“Em meu primeiro passo na calçada, dois homens me seguraram, um em cada braço […]. Tentei me libertar, mas um dos braços me foi torcido às costas, fazendo com que me curvasse e fosse ao chão. […]
— Não faz escândalo — disse um dos policiais —, ninguém está interessado nos teus gritos. […]
No outro lado da avenida, tive de entrar num Fusca bordô, onde aguardavam o motorista e outro homem. Os dois policiais, ambos robustos, sentaram-se no banco traseiro, espremendo-me no meio. Levaram-me para um sobrado de dois pisos na rua Duque de Caxias no 1705, quase defronte à Praça do Portão. […]. Deixaram-me encerrado numa peça do piso superior, de parco e arruinado mobiliário: a escrivaninha, a máquina de escrever, a cadeira almofadada e três ou quatro cadeiras comuns. Para me vigiar, foi chamado um guarda-civil. Finalmente, acabava a angústia de não saber quando seria preso. Começaria uma outra. Chegara a minha vez.”

Sobre o autor
Sergio Faraco é natural de Alegrete, onde nasceu em 1940. Estreou na literatura ao publicar contos no jornal Correio do Povo. Em 1970, lançou Idolatria. Em 1988, ganhou o Prêmio Galeão Coutinho da União Brasileira de Escritores na categoria contos pelo livro A Dama do Bar Nevada. Em 1994, recebeu o Prêmio Henrique Bertaso de melhor livro de crônicas por A Lua com Sede. Conquistou o Prêmio Açorianos de Literatura em 1995, 1996, 2001 e 2023 por A Cidade de PerfilContos CompletosRondas de Escárnio e Loucura e As noivas fantasmas e outros casos, respectivamente. Em 1999, recebeu o Prêmio Nacional de Ficção da Academia Brasileira de Letras por Dançar Tango em Porto Alegre. Em 2003, recebeu o Prêmio Erico Verissimo da Câmara Municipal de Porto Alegre e o Prêmio Livro do Ano na categoria Não-Ficção pela AGES com o livro Lágrimas na Chuva. Em 2008, foi agraciado com a Medalha Cidade de Porto Alegre.

Digno é o cordeiro: Memória de um ano sombrio
Sergio Faraco
120 p.
L&PM Editores
R$ 54,90
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