Poemas para um mundo no limite

Equilibrando melancolia e frágil esperança, Rossyr Berny analisa em livro a vulnerabilidade humana diante das reincidentes tragédias ambientais e sociais

Edição: Vitor Diel
Foto: Divulgação

Esta é a época em que termos como “pegada de carbono” e “créditos de carbono” têm ocupado noticiários e artigos jornalísticos com frequência veemente. Para muitos, são concepções que resumem esforços públicos e privados para a compensação dos impactos da atividade humana sobre os ecossistemas do mundo. Para outros, são apenas termos próprios do ESG (Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e Governança) que têm a função de aplicar um verniz de transparência ecológica às atividades empresariais a fim de mitigar os danosos efeitos do modo de produção capitalista, eliminando qualquer possibilidade de mudança radical. De qualquer forma, o debate sobre a relação da Humanidade com a natureza, o planeta e suas comunidades humanas atinge, agora, contornos mais dramáticos dadas as reincidentes tragédias ambientais e sociais que hoje acometem lugares tão diversos quanto Europa, América do Norte, Oriente Médio e Rio Grande do Sul.

De olho nessa sensível realidade, o poeta e editor Rossyr Berny abre as janelas de sua percepção e volta-se para o mundo contemporâneo com o livro Arco-íris Noturno: Rios e florestas respiram por aparelhos, de 112 páginas e publicado pela Editora Alcance. O movimento poético do autor é semelhante ao de Carlos Drummond de Andrade no livro A Rosa do Povo, publicado em 1945 e dedicado ao drama daquela geração: a Segunda Guerra Mundial e as inquietações políticas que assolavam o mundo na época.

Rossyr Berny, por outro lado, expande o exercício de empatia para além da sociedade humana e vai em direção aos ambientes naturais — e, sobretudo, à relação entre estes dois indivíduos por vezes inconciliáveis. “Bastou alguns milênios para o homem emporcalhar o paraíso / Em porco tempo devastou tudo”, escreve na página 66. Para o poeta, a Natureza não é só vítima, mas também agouro (“O vento que ora venta / é somente o ar em movimento / ou é o hálito fatal da covid?”, p. 92) e testemunha (“Troquemos abismos por novos céus e sóis / onde um dia estaremos em festejos”, p. 45). Sob uma chave oposta a do maranhanese Gonçalves Dias (“Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá / As aves, que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”, Rossyr fala de uma Natureza tornada tóxica e feita por “rios com vapores de mercúrio” (p. 61).

Atento ao debate que seus poemas podem suscitar, o autor disponibiliza, ao final da obra, um Projeto Aluno Leitor, com questões voltadas aos jovens estudantes e que orbitam os temas de Arco-íris Noturno: Rios e florestas respiram por aparelhos.

Outro destaque da obra é a aplicação de QR Codes a cada poema do livro, contendo declamações disponibilizadas online e ampliando o potencial de fruição da obra. O recurso que abre possibilidades para deficientes auditivos, que podem ler os textos, e deficientes visuais, que podem ouvir os poemas declamados. Os QR Codes dão acesso também a fotos, ilustrações, HQ, e curtíssimas metragens.

Conteúdo online produzido para cada poema pode ser acessado ao apontar a câmera do celular para o QR Code como no exemplo acima, do poema ‘Temporais e blecautes’ (p. 97)

Sobre a obra, Luiz Coronel escreve: “Arco-íris noturno é o Navio Negreiro contemporâneo”. E para a acadêmica e escritora Jane Tutikian, “Rossyr Berny é um dos maiores poetas gaúchos da contemporaneidade”; já o crítico literário Eduardo Jablonski afirma: “Hoje ninguém supera Rossyr Berny: é o melhor texto do Rio Grande do Sul.”

Arco-íris Noturno: Rios e florestas respiram por aparelhos pode ser adquirido por R$ 50 diretamente com o autor, através da chave PIX 18334113072.

Fortuna crítica

Conheça tudo o que foi escrito sobre a obra de Rossyr Berny ao longo de 50 anos de literatura, em texto e áudio, apontando a câmera do celular para os QR Codes abaixo:

Sobre o autor
Rossyr Berny é poeta, escritor, jornalista, editor, tradutor e vice-presidente administrativo da Academia Rio-Grandense de Letras. Cursou Mestrado em Teoria da Literatura e é professor pela Faculdade São Judas Tadeu. Como editor, há 40 anos fundou a Editora Alcance, uma das mais reconhecidas do RS, pela qual recebeu o Prêmio Jabuti de Literatura. Tem sua trajetória reconhecida por importantes prêmios nacionais e internacionais, recebendo, em 2020, o Prêmio Açorianos de Literatura pelo conjunto da obra.

Arco-íris Noturno: Rios e florestas respiram por aparelhos
Rossyr Berny
112 p.
R$ 50, com remessa gratuita
Editora Alcance
Comprar via PIX 18334113072

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