De vivandeiras e muito mais

Em romance, Hilda Simões Lopes joga luzes sobre as vivências de mulheres marginalizadas e invisibilizadas no RS do século XIX

Edição: Vitor Diel
Foto: Marco Nedeff

Maya é uma mulher adolescente escravizada e fugitiva na antiga Província do Rio Grande que seria identificada mais tarde como uma das “vivandeiras” — mulheres que, na época, seguiam as tropas nas guerras; eram amantes, rameiras, bruxas e curandeiras, dançavam nuas, cozinhavam, eram más e eram boas, lutavam, matavam ou morriam. Criada por Hilda Simões Lopes, a personagem é a protagonista do livro de mesmo nome e que foi criada instigada por Mário Mattos, Major Ângelo Pires Moreira e Adão Monquelat para que a autora escrevesse sobre as vivandeiras. “Maya é ficção construída com mulheres e vivências verdadeiras. Na cidade irá viver em meio a mulheres autênticas com as quais atravessará os difíceis e verídicos dramas do século oitocentista”, explica a escritora.

A Doutora em Letras Maria Eunice Moreira salienta a força das mulheres dessa história na orelha do livro: “Em uma narrativa poderosa, Hilda Simões Lopes dá vida a personagens singulares, de classes mais abastadas ou escravizadas, cultas ou analfabetas, traçando entre elas o fio do destino e revelando uma faceta pouco explorada do continente sulino. Numa prosa fluida e atraente, Hilda escreve um romance sobre o nosso Rio Grande (mas também sobre o Brasil), que vai dos tempos da escravidão ao final do século XIX, da menina baiana Iara à poderosa Maya e seus ancestrais de África”.

Sobre a autora
Hilda Simões Lopes é natural de Pelotas/RS. Graduada em Direito e mestre em Sociologia, pesquisadora social e professora universitária, seus livros falam das relações humanas, das mudanças sociais, das condutas-desvio e da evolução do feminino. Ganhou o prêmio Açorianos com A superfície das águas (IEL/1997), foi finalista do mesmo prêmio com Cuba, casa de boleros (AGE, 2000) e finalista do prêmio Minuano com A maçã da rainha má (Literare Books, 2021).