Confira os destaques da 3ª Festa da Leitura e do 14º Seminário O Negócio do Livro
Edição: Vitor Diel
Fotos: Giovani Urio/Literatura RS
Na última sexta e sábado, 26 e 27 de setembro, sob iniciativa do Clube dos Editores do Rio Grande do Sul, a terceira edição da Festa da Leitura reuniu profissionais da cadeia produtiva do livro e leitores numa programação rica e diversificada em Porto Alegre. As atividades iniciaram na sexta pela manhã, com o 14º Seminário O Negócio do Livro no Auditório Barbosa Lessa do Espaço Força e Luz.
O evento começou às 9h com o painel Mapeando a cena literária do RS, em que o jornalista Rafael Gloria, da Associação Cultural Nonada Jornalismo, apresentou um resumo dos resultados da pesquisa realizada em 2024. Organizada em torno de quatro eixos — editoras, livrarias, feiras literárias e autores — e com dados coletados via questionário online, o estudo levantou uma série de informações voltadas para impulsionar a economia do livro e aprimorar a gestão de negócios e empreendimentos literários no estado. Entre os números apresentados, estão que 93% das pessoas escritoras não vivem apenas da escrita e que 50,8% das editoras consultadas têm mais de 10 anos de atuação — das quais, 32,3% faturam menos de R$5 mil por mês. A pesquisa completa segue disponível gratuitamente para consulta pública neste site.

Em seguida, iniciou a atividade Da “Retratos da Leitura” à Mediação: Caminhos Possíveis para Uma Nação Leitora. Subiram ao palco a gerente de pesquisas do Instituto Pró-Livro (IPL) Zoara Failla, a professora e pesquisadora Franciele Vanzella e, como mediadora da atividade, a editora Annete Baldi. A conversa começou com a apresentação dos resultados da pesquisa Retratos da Leitura 2024, que, em caráter quadrienal e pela sexta edição, oferece a mais ampla radiografia da leitura no Brasil. Segundo Zoara, a pesquisa identificou a potência editorial dos livros religiosos — preferência de leitura inclusive entre professores —, seguido dos títulos infanto-juvenis de autores internacionais e, por fim, auto-ajuda. A pesquisa também indicou uma perda de mais de 11 milhões de leitores desde 2015, fazendo com que 53% dos entrevistados se identificassem como não-leitores. O Centro-Oeste foi a única região que não teve queda nos índices de leitura; quesito em que São Paulo e Minas Gerais foram alguns dos destaques negativos. Todas as edições da pesquisa seguem disponíveis aqui.
Em seguida, no mesmo painel, Franciele Vanzella assumiu o turno de fala para compartilhar suas experiências como mediadora de leitura no bairro Guajuviras, na cidade de Canoas, Região Metropolitana de Porto Alegre. Segundo a convidada, “acontecem coisas maravilhosas na rede república que nós precisamos enaltecer”, disse, ao relatar suas vivências como mediadora e participante de um grupo de estudos sobre leitura literária na escola.


A manhã terminou com um bate-papo animado entre a editora Ana Elisa Ribeiro, a tradutora Susana Ventura e a editora e escritora Paula Taitelbaum. Com o nome de O Papel da Edição na Criação e Adaptação de Histórias, a mesa passeou por temas como o apagamento histórico da participação feminina no sistema literário brasileiro; o impacto de debates sociais e do editais públicos na seleção e publicação de originais, e o poder da decisão editorial sobre a tradução de contos clássicos trabalhados com público escolar.


Após o almoço, a editora Fernanda Scherer recebeu o ilustrador Odilon Moraes no painel Uma Breve História do Livro Ilustrado. Na atividade, o artista e pesquisador revelou a falta de consenso no Brasil e no exterior sobre as definições do que é livro ilustrado, livro de imagem, arte sequencial ou picture book. Seu argumento foi corroborado pela leitura compartilhada ao vivo de Esse chapéu não é meu, de Jon Klassen, em que as ilustrações convidam o leitor a amarrar as contradições da narrativa. “As imagens são fragmentos de uma história”, explicou.

A tarde seguiu com o editor Rodrigo Rosp e a linguista Jana Viscardi no painel A Língua Em Movimento: Pensar a Linguagem no Mercado Editorial, em que os convidados debateram sobre normas gramaticais em toda forma de expressão da palavra — escrita, oralizada, sinalizada e etc. “O texto não é um espelho do mundo”, defendeu Jana ao apresentar a língua como uma “natural negociação de sentidos”.


Após um breve intervalo, a mesa Arandu Mirim: Saberes Guarani Mbya Pra Cuidar do Mundo reuniu no palco o editor Pablo Morenno, a pesquisadora Ana Tettamanzy e o professor e escritor Gerônimo Franco — apelido ocidentalizado de Verá Tupã. A atividade jogou luzes sobre a intersecção entre a tradição escritocêntrica e aspectos da cultura narrativa oralizada dos Guarani Mbya, povo cujo território abrange cinco países da América do Sul.


A sexta-feira foi encerrada no Lola Bar, sétimo andar da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), espaço que recebeu o Sarau Elétrico Especial Autores Gaúchos, com Luis Augusto Fischer, Cláudia Tajes e Diego Grando.

A 3ª Festa da Leitura teve seguimento no sábado, a partir das 11h, com uma feira de livros na Travessa dos Cataventos da CCMQ. Diversas atividades gratuitas foram oferecidas na tarde ao público adulto e infantil.
A terceira edição da Festa da Leitura, uma iniciativa do Clube dos Editores do Rio Grande do Sul, foi organizada com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura.
Confira as fotos no carrossel abaixo.
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