De 7 de outubro a 21 de novembro, sete atividades em Porto Alegre exploram diversas facetas da obra do escritor

Edição: Vitor Diel
Foto: Léo Salvador/Divulgação

Três instituições gaúchas se unem para celebrar os 120 anos de Erico Verissimo, escritor que narrou e registrou a formação do Rio Grande do Sul e que colocou o Estado no mapa literário do país. Realizado pela Fundação Teatro São Pedro – fundação vinculada à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac/RS) –, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e a Unimed/RS, o festival Legado homenageia o grande romancista, promovendo uma série de atividades gratuitas ou com ingressos a preços populares, em diferentes palcos de Porto Alegre, entre os dias 7 de outubro e 21 de novembro. A programação explora diversas facetas da obra do autor ou por ele inspiradas, como quadrinhos, cinema, música, teatro, além, é claro, da própria literatura, ocupando o Teatro Simões Lopes Neto e o Teatro Oficina Olga Reverbel, ambos no Multipalco Eva Sopher (Rua Riachuelo, 1089), além da Casa da Memória Unimed Federação/RS (Rua Santa Terezinha, 263).

O festival tem início na terça-feira, dia 7 de outubro, às 17h, com a abertura de uma exposição inédita que reúne 25 páginas de quadrinhos da adaptação de Eloar Guazzelli Filho para a trilogia O tempo e o vento. A publicação completa foi encomendada pela Companhia das Letras para ser lançada no próximo ano, mas no foyer do Multipalco Eva Sopher o público poderá conferir uma prévia do trabalho que vem sendo feito pelo autor, incluindo obras originais da concepção do livro.

A mostra ficará em cartaz no foyer do Multipalco Eva Sopher até o dia 2 de novembro, com visitação de terça a sábado, das 12h às 19h, e aos domingos, das 16h às 18h

No segundo dia de festival, quarta-feira, dia 8 de outubro, o público poderá acompanhar uma experiência artística única, com a exibição do filme O tempo e o vento (2013), com trilha sonora ao vivo interpretada pela Orquestra Theatro São Pedro e os coros da UFRGS e da PUCRS. O projeto musical é uma criação do compositor paulista Alexandre Guerra e será regido pelo maestro Evandro Matté.

Antes da exibição, haverá um bate-papo com o diretor do filme, Jayme Monjardim, acompanhado pela roteirista Leticia Wierzchowski e pelo ator Thiago Lacerda. Eles vão compartilhar os bastidores da adaptação para o cinema e os desafios de transpor para as telas a monumental obra literária de Erico Verissimo. O evento inicia às 19h, no Teatro Simões Lopes Neto, e une simultaneamente duas importantes efemérides gaúchas: além de compor o festival Legado, a projeção é um dos momentos mais esperados da Mostra Política de Cinema, uma das principais ações culturais que celebram os 190 anos do Parlamento Gaúcho. O filme representa a síntese perfeita entre as duas celebrações, conectando a genialidade literária de Verissimo com a rica história política e cultural do Rio Grande do Sul.

A programação especial ainda inclui três peças de teatro inspiradas na obra de Erico Verissimo, com opções para todas as idades. A primeira a ser apresentada é O urso com música na barriga, que terá sessões no sábado e domingo, dias 11 e 12 de outubro, às 16h, no Teatro Oficina Olga Reverbel. A montagem infantil, assinada pela Cia Atimonautas, adapta o livro homônimo de Erico para o universo do teatro de bonecos. Dirigida pela atriz Arlete Cunha, a peça conta com o texto publicado por Erico em 1938, destacando a importância das relações afetivas e o desafio de expressar os próprios sentimentos.

Para compor a programação especial, o festival convidou o dramaturgo e diretor Julio Conte a escrever uma peça sobre Erico Verissimo. O resultado é o espetáculo A hora de Erico, alusão ao último romance de Clarice Lispector, A hora da estrela. A montagem parte da descoberta de que Verissimo e Clarice compartilharam uma profunda amizade e uma relação marcada pela admiração recíproca e uma certa rivalidade, motivada pela singularidade de suas produções literárias. Cada um possuía um estilo próprio e inovador, o que gerava um ambiente de estímulo e desafio intelectual. A peça inédita narra um encontro fictício entre os dois grandes autores, onde ambos discutem literatura, vida pessoal e morte. A estreia será no dia 12 de novembro, quarta-feira, às 20h, no Teatro Simões Lopes Neto, com elenco formado por Marcello Crawshaw, Karine Paz e Heitor Schmidt.

No dia 18 de novembro, terça-feira, às 19h, o público poderá aproveitar mais uma montagem cênica em homenagem aos 120 anos de Erico Verissimo. Assinado pelo Grupo Cerco, o espetáculo Erico em Antares recria o livro Incidente em Antares, de 1971, no palco do Teatro Oficina Olga Reverbel. A peça insere o autor gaúcho nos acontecimentos do romance, onde sete mortos insepultos erguem-se de seus caixões para denunciar a corrupção da sociedade da fictícia cidade de Antares. Com direção de Inês Marocco e elenco formado por Anildo Böes, Kalisy Cabeda, Manoela Wunderlich, Marina Kerber, Paulo Farias e Philipe Philippsen, a montagem resgata a trajetória do escritor, compartilhando informações sobre Verissimo, em diálogo com o público.

No dia 19 de novembro, a partir das 13h, será possível conferir uma nova exposição em homenagem a Erico Verissimo, desta vez na Casa da Memória Unimed. Intitulada Erico – Entre linhas e afetos, a mostra representa um percurso singular, onde literatura e artes visuais se entrelaçam para revelar não apenas a obra de Erico, mas também o universo de relações que o cercaram. A exibição tem curadoria de Marco Aurelio Biermann Pinto e de José Francisco Alves, com realização da Casa da Memória Unimed Federação/RS e da Associação Cultural Acervo Literário Erico Verissimo.

O encerramento do festival será no dia 21 de novembro, sexta-feira, às 19h, no Teatro Oficina Olga Reverbel, com um encontro literário para discutir a presença das mulheres na obra de Erico Verissimo. Em seus romances, o autor não só trouxe como protagonista as mulheres, mas a compreendeu como poucos, criando personagens marcantes como Clarissa, que deu nome ao romance homônimo, assim como as inesquecíveis Ana Terra e Bibiana Terra, de O tempo e o evento. Para analisar e discutir essa produção com um olhar feminino, participam do debate as professoras de Letras Socorro de Assis, Mara Jardim e Ana Cláudia Munari.

As exposições e o debate têm entrada franca. A exibição do filme com trilha sonora ao vivo tem ingressos gratuitos, mediante retirada no site www.theatrosaopedro.rs.gov.br. As peças de teatro têm ingressos a preços populares, com valores de R$ 40 (inteiro) e R$ 20 (meia-entrada), à venda no site do Theatro São Pedro.