O amadurecimento como um processo de perdas e responsabilizações

Carlos André Moreira e Casa de Astérion lançam nova edição de romance cujo enredo é marcado por conflitos morais e afetivos em um microcosmo social ainda afetado pela política autoritária do passado

Edição: Vitor Diel sobre texto da assessoria
Arte: Reprodução

No interior do Rio Grande do Sul, no início dos anos 1990, quatro adolescentes (Sandro, Marcos, Getúlio e Caio) se veem no centro de um conflito com a direção da escola em que estudam. Movidos por um impulso político, decidem organizar um protesto. Mas o plano falha, e um deles acaba responsabilizado sozinho. A partir desse ponto de ruptura, os demais precisam encarar a própria covardia, os limites da amizade e as consequências de suas escolhas. Assumir a culpa junto ao colega ou deixá-lo enfrentar tudo sozinho?

Este é o dilema que conduz a narrativa de Tudo o que Fizemos, romance de Carlos André Moreira que ganha nova edição pela Casa de Astérion. A obra será lançada oficialmente no sábado, 11 de outubro, às 16h, em um bate-papo com Samir Machado de Machado na Livraria Paralelo 30 (Rua Vieira de Castro, 48, bairro Farroupilha – Porto Alegre/RS).

O autor constrói um romance que mergulha nas tensões da adolescência — o medo de não pertencer, a agressividade nas relações entre jovens, a descoberta da sexualidade, o desejo de se afirmar diante do mundo — e que expõe como esses sentimentos se entrelaçam com os reflexos de um país ainda marcado pela ditadura militar. A herança política das gerações anteriores — pais e professores que foram ou apoiadores do regime ou seus opositores — paira sobre os personagens e influencia diretamente suas atitudes, mesmo quando pensam agir por conta própria.

Sobre a obra, Luiz Antonio Assis Brasil comenta: “É possível dizer que Tudo o que Fizemos é um romance geracional, sim, mas que ultrapassa sua contingência de época e instaura-se como um documento acerca da alma humana a qual, como se sabe, é sempre a mesma, seja sob ditaduras ou [falsas] democracias”. Já para Simone Saueressig, a publicação “enfoca a difícil e tortuosa trilha do amadurecimento, que começa com as perdas, os encontros, os enfrentamentos com o outro e consigo mesmo através do outro. Afinal, todos temos contas para acertar com nossas memórias, com o nosso cotidiano. Carlos André consegue fazer isso com um texto honesto, às vezes duro e sempre surpreendente”.

A nova edição de Tudo o que Fizemos tem 266 páginas e preço de R$ 79.

Sobre o autor
Carlos André Moreira é jornalista e escritor, colunista da plataforma SLER e colaborador da revista digital Parêntese. Já publicou contos em antologias como em coletâneas como Fake Fiction (Dublinense, 2020), O que Resta das Coisas (Zouk, 2018) e Tu Frankenstein II (2015). Como crítico e pesquisador, é um dos colaboradores da História da Literatura no Rio Grande do Sul, editada por Luis Augusto Fischer (Editora Coragem/Editora FURG, 2024).

Tudo o que Fizemos
Carlos André Moreira
266 p.
R$ 79
Casa de Astérion

Apoie Literatura RS

Ao apoiar mensalmente Literatura RS, você tem acesso a recompensas exclusivas e contribui com a cadeia produtiva do livro no Rio Grande do Sul.

Avatar de Literatura RS
Literatura RS

Deixe um comentário