Editora porto-alegrense Isto Edições publica obra poética de inspiração queer do autor carioca Kaio Phelipe

Edição: Vitor Diel sobre texto da assessoria
Arte: Reprodução

Já está disponível no site da Isto Edições o livro O que entendemos da noite, do carioca Kaio Phelipe. Mais do que um conjunto de poemas de temática LGBTQIA+, a obra apresenta um mundo que se abre para dentro das noturnas “relações expressas” entre clubes e aplicativos, entre um amor e outro que se esvaem como “o gozo de um homem no chuveiro e às pressas”.

O que entendemos da noite forma-se como uma teia de experiências, como uma celebração da diversidade e da resistência — e também da liberdade de ir aonde se quer com quem se tem desejo.

Este é o quinto livro do autor. A edição traz prefácio de Luís Capucho e capa assinada por Alireza Shojaian — artista franco-iraniano cujo trabalho dialoga com identidades masculinas não-heteronormativas, reforçando a potência visual e simbólica da obra.

Para leitoras e leitores interessados em literatura contemporânea, queer e pulsante, O que entendemos da noite pode representar um farol de urgência poética.

Confira um dos poemas presentes na obra:

Para cima, coração

Os nãos a mim estão aumentando
me pergunto de quantos abandonos
minha sombra é cativa
permaneço aberto a liquidações
mas não quero ser quem vive das boas e espinhosas memórias
& outras juventudes
cansei de disfarçar solidão com solitude
literatura e conversas sobre o amor livre
cansei também de responder sempre às mesmas perguntas
eu seria capaz de criar um mapa do meu bairro por meio do Grindr
mas nunca me solucionei os próprios engasgos
vontade gigante de envelhecer junto
ver o corpo desmanchando
comemorar todas as datas festivas com o mesmo cara
recusar a desgraça viciante do desejo
planejar para que o futuro não seja inexplicável
tem sido cada vez mais difícil me contentar só com a noite.

Sobre o autor
Kaio Phelipe nasceu no Rio de Janeiro em 1997. Estuda Biblioteconomia e Gestão de Unidades da Informação na UFRJ, atua como editor de livros e colabora com a frente LGBTQIAPN+ da Mídia Ninja. Em 2025, foi agraciado com duas moções honrosas na Câmara Municipal do Rio de Janeiro por sua atuação em prol do meio ambiente junto ao Coletivo Ayé. Entre suas obras anteriores estão Todos nós sonhávamos em ser Carmen Miranda — semifinalista do Prêmio Oceanos — e Não existe pecado no lugar de onde eu vim.