Novo livro de Arthur de Faria reflete mais de três décadas de envolvimento com o assunto

Edição: Vitor Diel
Arte: Giovani Urio sobre reprodução

Já está disponível pelo site da Editora Arquipélago o livro Porto Alegre: uma biografia musical, vol. 1, em que o jornalista Arthur de Faria conta a história da música popular da cidade desde o início do povoamento até a Era do Rádio. O folclore açoriano, o carnaval e a era do jazz também são episódios narrados na obra.

Com uma abordagem histórica criteriosa e uma escrita dinâmica e encantadora, o autor reconstrói o passado do território conhecido hoje como Porto Alegre desde os tempos dos povos originários e dos primeiros e precários povoamentos colonizadores da região. A partir dessa contextualização, Arthur de Faria conduz os leitores por uma história que inclui nomes da cultura local, como Octávio Dutra, Dante Santoro e Chiquinho do Acordeom. A obra é acrescida de fotografias, reproduções de jornais e ilustrações que enriquecem a edição.

A publicação de Porto Alegre: uma biografia musical, vol. 1 foi viabilizada via campanha de financiamento coletivo entre março e maio de 2022.

Confira um trecho abaixo:

“O que se conhece da música de Porto Alegre da primeira metade do século 19? Muito pouco. Sobre talentos individuais, há registros de um certo Inácio José de Figueiras, conhecido como Inácio Músico, morador do Alto da Bronze que tocava órgão nas missas do Padre Vira-Cambota, acompanhando muitas vezes o tenor Amândio. Há também o Correia Músico, natural de Viamão, que tocava na Casa da Ópera. E a dupla Corneta e Quinca do Violão, que tocava onde deixassem.

Quinca também era rabequeiro, e foi compositor de pelo menos uma valsa e uma contradança de grande popularidade — chamadas justamente ‘Valsa do Quinca’ e ‘Contradança do Quinca’. Há ainda o alferes José Victorino Pereira Coelho, vulgo Rascada, violonista e cantor de pioneiras modinhas e lundus porto-alegrenses. Que espetacular achado seria encontrar algum registro delas! Também ficou a lembrança do instrumentista Peres, que imitava o David Bowie, com um olho azul e outro pardo. Por fim, João Batista Rabecão, que tocava contrabaixo — vulgo rabecão — nas missas. Pra vocês verem como o troço era animado.” (p. 21)

Sobre o autor
Arthur de Faria é músico, arranjador e compositor. Doutor em Literatura Brasileira pela UFRGS com tese sobre Lupicínio Rodrigues, produziu 28 discos e dirigiu 12 espetáculos. Escreveu 52 trilhas para cinema e teatro em Porto Alegre, São Paulo e Buenos Aires. Lidera a Tum Toin Foin Banda de Câmara e integra os grupos transnacionais Música Menor e Surdomundo Imposible Orchestra (com uruguaios, brasileiros e argentinos). Lançou 20 álbuns, EPs e singles e tocou em meia dúzia de países. Ministra cursos sobre música popular brasileira no Brasil, Argentina e Uruguai. Trabalhou 23 anos em rádio e três em jornal. Publicou ensaios, artigos, fascículos e livros sobre música popular — entre eles, Um século de música no Rio Grande do Sul e Elis: uma biografia musical.