Futebol amador como um estilo de vida

Com tradução de Julia Dantas, romance aborda amadurecimento masculino e o ludopédio como um espaço de sociabilidade

Edição: Vitor Diel
Arte: Giovani Urio sobre reprodução

No romance Papifutebol, o escritor uruguaio R. Gastelumendi Puig consegue transmitir com humor e simplicidade as relações que vão se criando dentro e fora do campo entre os protagonistas de um futebol amador. Na obra, acompanhamos a jornada de Rodrigo Rojas, empresário do ramo tecnológico que convive com o estresse do trabalho e que encontra no futebol um espaço de novas sociabilidades.

Entre jogos emocionantes e encontros memoráveis, o protagonista precisa enfrentar as limitações da idade enquanto se reinventa no contato com novas relações e com as particularidades da construção de laços afetivos depois dos quarenta. Editada pela Bestiário, a obra trem tradução de Julia Dantas e está disponível no site da editora por R$ 52.

Confira um trecho abaixo:

“Nesse dia, o terreno parecia o uniforme camuflado de um soldado do exército, havia machas de grama e de barro igualmente distribuídas, exceto nas pequenas áreas que eram francamente um lodaçal. Era igual no estacionamento, com o acréscimo de grandes poças e desníveis. Na lateral de um dos campos e do estacionamento, um galpão decrépito, construído com velhas chapas de metal e com abertura para o campo de jogo, com piso de cimento, servia de vestiário e/ou cantina e/ou abrigo. De um dos lados do galpão, dois banheiros decrépitos tinha a ventilação natural de uma série de furos e frestas. O campo onde o Homer F.C. jogava tinha a particularidade de ter uma forte inclinação de um gol ao outro; não fossem as poças, a bola poderia correr sozinha de uma área à outra. E além de tudo, o vento soprava na direção do declive. Em resumo, tudo que havia de “complexo” nessa situação era o difícil que seria jogar ali.

Rodrigo, apesar de sua desastrosa partida anterior, estava de pé sob as três traves do gol, não por seu mérito, mas simplesmente porque não havia outro goleiro, nem sequer outro jogador no invisível banco de reservas. Se adicionamos a essas carências o estado da área, sua ousadia realmente virava um perigo, não só para o resultado esportivo, mas também para sua própria integridade física.” (p. 85)

Sobre o autor
R. Gastelumendi Puig nasceu em Mercedes, Uruguai, e jogou futebol quando criança, como a maioria dos uruguaios. Sempre gostou de ler e escrever, também, de estudar. Aos vinte e seis anos, formou-se Engenheiro Industrial pela Universidade da República, fez pós-graduação na Espanha, Bélgica e EUA. Entre outros, trabalhou como professor universitário até formar sua própria empresa, com que ganhou vários prêmios e prêmios. A vida e o trabalho o levaram a viver em países como: Espanha e Brasil, além de viajar pela América Latina e grande parte da Europa. Com todas essas experiências acumuladas ao longo dos anos, ele guardou anedotas enriquecidas por encontros entre diferentes culturas e línguas. Sua vocação para a escrita, embora sempre presente, substituiu por muito tempo um hobby, sendo relegado ao seu trabalho; porém, nos últimos anos, a briu um espaço cada vez maior em sua vida, ampliando sua produção literária e participando de oficinas literárias. Escreveu narrativas com especial interesse pelos assuntos que envolvem o futebol amador, e especialmente o Papifútbol; além de resenhas bem humoradas dos jogos que participa e várias histórias ligadas a lugares e pessoas de vários países.

Papifutebol
R. Gastelumendi Puig, trad. Julia Dantas
210 p.
R$ 52
Editora Bestiário
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