Guilherme Azambuja Castro lança livro de contos

‘Topografias da Solidão’ será autografado no dia 2 de dezembro, às 18h, em Porto Alegre

Edição: Vitor Diel sobre texto da assessoria
Arte: Giovani Urio sobre foto de André Barrios Azambuja

Santa Vitória do Palmar, na fronteira com Uruguai, é cenário e personagem dos contos de Guilherme Azambuja Castro. A “topografia” da região, cuja “aura” o autor delineia e descreve, é o entre-lugar entre o sentido e o vivido, matéria que a memória do escritor fecunda pela vertente da literatura. Ali está a cidade, no espaço intermediário entre as terras de Portugal e Espanha. São os “Campos Neutrais”, sua natureza cármica e seus desdobramentos transpostos para o plano da ficção.

Binho, personagem dos primeiros contos deste livro, é uma espécie de “alter ego” do escritor que, como ele, nasce e cresce na cidade, junto à campanha. Não se trata mais da campanha idílica do século XIX, cantada pelos regionalistas e louvada por seus mitos; tampouco é o espaço heroico em que as guerras fronteiriças assegurávamos vencedores a construção e o domínio do “nacional”, reforçando seu pertencimento. É a vida provinciana e difícil da cidade que os contos contemplam, o desdobramento de questões sociais que afetam os habitantes na transição dolorosa entre um período de vida construtivo e a dissolução de projetos e sonhos. O tempo é aquele em que as estâncias cedem lugar ao agronegócio, então incerto e muitas vezes desastroso. Binho cresce junto à família num tempo de calmaria, presságio da tormenta. Suas relações afetivas são marcadas pela aceitação que beira o desamparo, no horizonte escasso de uma vida sem sonhos. Por detrás de sua narrativa pesa o empobrecimento dos antigos proprietários de terras que, dividindo-se entre o campo e a cidade, são devorados pela crueldade capitalista. Endividamento, falência dos negócios, perda inevitável dos bens familiares alimentam o medo e a desesperança pelas graves transformações sociais que acarretam. O personagem narra e testemunha esses acontecimentos.

Topografias da Solidão, de Guilherme Azambuja Castro, tem lançamento na sexta-feira, dia 2 de dezembro, às 18h, no Terezas Café (Rua Giordano Bruno, 318 – Rio Branco, em Porto Alegre/RS). O projeto gráfico do livro também é carregado de simbolismo. Assinada por Maria Williane, a capa é uma metáfora da escrita do espaço – a topografia – e, na parte interna, traz um recorte poético das memórias do autor, com fotos, elementos gráficos e rascunhos.

A crítica literária Léa Masina comenta o estilo do autor: “Contista hábil e experiente, Guilherme ficcionaliza histórias de vidas privadas. Os contos finais do livro acentuam a visão do protagonista, seu crescimento, os desafios, as experiências de viagens e os retornos. A família está sempre presente nessa zona híbrida entre o Brasil e o Uruguai, metáfora sensível que se desdobra em ambíguos sentimentos. Binho vive um espaço intermediário, “campo neutral”, parte de um mundo que se corrói a cada dia”.

Sobre o autor
Guilherme Azambuja Castro nasceu em Santa Vitória do Palmar/RS e é formado em Direito e doutor em Escrita Criativa pela PUCRS. Publicou em coletâneas de contos e em revistas literárias. Foi vencedor do 21º Concurso de Contos Luiz Vilela (2011). Em 2014 foi finalista do Prêmio SESC de Literatura na categoria Contos. Foi vencedor do Prêmio CEPE de Literatura, categoria Contos, em 2015. Seu primeiro livro, O amor que não sentimos e outros contos, foi publicado pela editora CEPE em abril de 2016, e foi finalista do Prêmio Açorianos de Literatura.

Topografias da Solidão
Guilherme Azambuja Castro
146 p.
Editora Zouk
R$ 53
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