Literatura de autoria indígena em destaque

Geronimo Morinico Franco e Jackson Alexandre Ramos publicam em livro as histórias transmitidas pela sua comunidade Guarani Mbya

Edição: Vitor Diel sobre texto da assessoria
Arte: Giovani Urio sobre foto de divulgação

Dois autores indígenas guarani estreiam na literatura em livro a ser lançado oficialmente no mês de julho. Com textos e ilustrações de Geronimo Morinico Franco e Jackson Alexandre Ramos, a obra Arandu mirim: pequenas sabedorias chega ao público em evento de lançamento no dia 10 de julho, a partir das 16h, no Auditório Jacarandá do Centro Cultural da UFRGS (Rua Eng. Luiz Englert, 333 – Campus Central – Porto Alegre/RS). Na ocasião, haverá debate com os autores e sessão de autógrafos no Hall Cinamomo. Com edição da Physalis Editora, a publicação é bilíngue (guarani/português), tem coordenação editorial de Elaine Maritza e projeto gráfico de Martina Schreiner.

“Neste livro, tem histórias contadas pelos nossos velhos, histórias que ouvimos em diversos espaços da aldeia. Mas as histórias surgem quando são necessárias. Pode ser ao redor do fogo, na mata. Hoje, pode ser na escola, mas não é só nela”, comenta Gerônimo. E Jackson acrescenta: “sempre tive vontade de, algum dia, escrever essas histórias e vê-las publicadas em livros, porque são histórias de aprendizagem que até nos dias de hoje são ainda contadas e valorizadas por nosso povo.”

“As histórias deste livro, assim como a experiência de estar junto na aldeia, permitem conhecer um pouco mais sobre a diversidade do mundo. Com aparente simplicidade, os Guarani Mbyá têm muito a ensinar sobre viver com alegria, respeitando velhos e crianças e cuidando da terra e de seus viventes enquanto cantam e agradecem às divindades por mais um dia”, comenta a professora Ana Lúcia Liberato Tettamanzy, docente do Instituto de Letras/UFRGS, também consultora para a publicação.

Sobre os autores
Meu nome é Jackson Alexandre Ramos, sou da etnia indígena Mbya Guarani. Tenho 39 anos, nasci numa aldeia do município de Salto do Jacuí, no Rio Grande do Sul, em 5 de dezembro de 1982. Atualmente, resido na Tekoa Anhetenguá (Aldeia Verdadeira), localizada no bairro Lomba do Pinheiro, na Zona Leste da cidade de Porto Alegre. Fui professor na escola dessa aldeia durante seis anos, dando aula para as séries iniciais e de língua Guarani para as séries finais.

Eu me chamo Gerônimo Morinico Franco. Esse nome é, na verdade, um apelido. Na minha língua, meu nome é Verá Tupã. Sou um Mbya Guarani de 42 anos. Hoje, sou professor na escola da aldeia Yvy Poty (Flor da Terra), que fica no município de Barra do Ribeiro, a uma hora de Porto Alegre. Ao longo dos tempos, aprendi algumas coisas sobre contar histórias. Sempre peço força a Nhanderu para o registro na escrita, para ele autorizar o que vou falar. E a pesquisa faço dentro de mim, no meu coração.