Brasileiras, góticas e invisibilizadas

Na antologia ‘Góticas brasileiras’, editora O Grifo reúne 12 mulheres que escreveram entre os séculos XIX e XX no Brasil e caíram no esquecimento

Edição: Vitor Diel com texto da assessoria
Arte sobre reprodução

Um dos estilos literários mais populares do século XVIII, o gótico teve sua origem na Inglaterra, com o romance O castelo de Otranto (1764), de Horace Walpole, mas o Brasil também soube exorcizar seus demônios e invocar pavores inimagináveis através da literatura. Influenciados pelos romances que chegavam do hemisfério Norte — mas também pela cultura e pelo folclore nacional —, autores como Machado de Assis, Coelho Neto, João do Rio, Monteiro Lobato, José de Alencar, Bernardo Guimarães, Fagundes Varela e, claro, Álvares de Azevedo, exploraram o insólito em várias de suas narrativas, abordando cenas e personagens que iam de fantasmas e esqueletos até bruxas e pactos demoníacos.

Mas e quanto às mulheres que escreviam nesse período? A exemplo de nomes consagrados do gótico universal, como Mary Shelley, Ann Radcliffe e Clara Reeves, existiu um gótico feminino no Brasil?

A resposta é sim! Durante o século XIX, diversas escritoras deixaram sua marca na crítica e na literatura produzida no país, seja através de publicações em periódicos e jornais, ou na poesia e na prosa. E, sim, muitas mulheres escreveram contos de terror tão elaborados e sinistros quanto os de seus contemporâneos masculinos, mas acabaram obscurecidas pelos historiadores da literatura.

Numa iniciativa inédita no mercado editorial brasileiro, a editora O Grifo apresenta o próximo projeto do seu selo Clássicos Ocultos, a antologia Góticas brasileiras. Esta será a primeira coletânea a reunir exclusivamente contos góticos de autoras brasileiras do fim do século XIX e início do XX. Entre as histórias sinistras, figuram nomes mais conhecidos, como os de Júlia Lopes de Almeida, Maria Firmina dos Reis e Emilia Freitas, e nomes mais impopulares, como os de Corina Coaraci, Maria Benedita Bormann, Amélia Beviláqua, Chrysanthème, Delminda Silveira, Francisca Júlia, Carmen Dolores, Rachel Prado e Maria de Albuquerque.

Link da campanha no Catarse: www.catarse.me/goticas.

Organizada pelos pesquisadores Ismael Chaves e Ana Paula Araújo, que também assina o posfácio, a edição também contará com apresentação da escritora e pesquisadora Ana Rüsche, edição e projeto gráfico de Daniel Gruber e revisão de Mariana Elis. Góticas brasileiras é um mergulho nas sombras da literatura nacional, a fim de resgatar e reapresentar essas rainhas do medo para leitores das novas gerações.

Góticas brasileiras
Ismael Chaves e Ana Paula Araújo (org.)
Aprox. 160 p.
Em financiamento coletivo no site Catarse
Editora O Grifo

Apoie Literatura RS

Ao apoiar mensalmente Literatura RS, você tem acesso a recompensas exclusivas e contribui com a cadeia produtiva do livro no Rio Grande do Sul.

Avatar de Literatura RS
Literatura RS

Deixe um comentário