Poeta explora os limites da palavra e da militância em seu sétimo livro
Edição: Vitor Diel com texto da assessoria
Foto: Marco Nedeff/divulgação
mariam pessah lança seu sétimo livro A saliva que umedece, poemariam – um tratado sobre línguas em um bate-papo com a editora Clô Barcellos, seguido de sessão de autógrafos, na sexta-feira, 11 de abril, às18h45, no Maria Maria Espaço Cultural (Rua Fernando Machado, 464 – Centro Histórico – Porto Alegre/RS).
Ao longo de 128 páginas, 21 capítulos (escritos em versos) e um pós-escrito, os preceitos “dados por uma sociedade heteronormativa” são questionados (e derrubados) de forma clara, evidente, propositiva. A saliva que umedece, poemariam, um tratado sobre línguas, em uma tênue narrativa, surge em forma expressiva não usual. Enquanto pergunta, provoca, desenvolve conceitos e, logo ali a seguir, os destrói, como faria uma autêntica anarquista. Apresenta e evolui um misto de reflexões, comentários e devaneios, em uma proposta visual característica em seus trabalhos anteriores. mariam pessah (assim, em minúscula) busca, ao escrever, a independência, estar em trânsito, não ser enquadrada em um escaninho, que somente viria a limitar suas possibilidades tanto na maneira de ser, viver ou escrever.
O ponto de vista de mariam pessah é o de uma pessoa lésbica, “feminiSTa mas não feminina”, que começa a abrir os olhos para a não binariedade em um mundo que “se entende dentro de binómios. Isto ou aquilo”. Para ax autorax, a não binariedade vai além do tema sexo/gênero.
A origem do título é uma variação do verso A saliva que umedece a língua, em As Guerrilheiras, de Monique Wittig. A partir desta frase, mariam “foi brincando e norteando os poemas”. Da linguagem não binárie “para além da letra E”, evita os marcadores de um gênero não definido. A proposta é mais do que uma regra não binárie: ela/elu/elax/elae. A obra de mariam acolhe a experimentação de diferentes formas de grafar, “habitar e desabitar as palavras e ir provando (e dançando) em qual dos pronomes e grafias a eu lírica vai se sentindo confortável”.
Sobre a autora
mariam pessah nasceu em Buenos Aires, em 1968, e chegou em 2001 a Porto Alegre. Fotógrafax, ARTivistax feminiStax, escritorax e poeta. É ativista lésbika feminiSta desde 1990. Tem seis livros publicados entre poesia, romance e ensaios. E várias participações em coletâneas e revistas de Abya Yala/ Nossa América. Desde 2017 organiza em Porto Alegre o Sarau das minas. Escreve em brasileirês e mantém uma coluna na revista Brasil De Fato RS.

A saliva que umedece, poemariam – um tratado sobre línguas
mariam pessah
128 p.
R$ 55
Libretos Editora
Apoie Literatura RS
Ao apoiar mensalmente Literatura RS, você tem acesso a recompensas exclusivas e contribui com a cadeia produtiva do livro no Rio Grande do Sul.
