Renata Heinz lança seus contos feministas no dia 24 de maio; obra marca sua estreia na literatura
Edição: Vitor Diel com texto da assessoria
Foto: Marco Nedeff/divulgação
O livro de contos Carnes povoadas, de Renata Heinz, terá sessão de autógrafos em 24 de maio (sábado), das 17h às 20h, no mezanino da Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736 – Centro Histórico, Porto Alegre/RS). O evento de lançamento contará com a leitura de uma seleção de narrativas do livro, promovida por artistas convidadas pela autora, como Ida Celina, Aurea Batista e Cassie Boff. Cada conto da obra tem o nome de uma mulher, narradora da sua própria história, em épocas diferentes umas das outras, em histórias que mostram dor, amor, desilusões e a crueza da realidade. O livro, em capa dura, formato A6 10×15 cm (pocket), tem 160 páginas e será comercializado no local por R$ 60.
A escritora explica que o título remete à visão patriarcal de como os corpos femininos são vistos na sociedade. “Enquanto nossas carnes seguem expostas como num açougue, em benefício do cliente, apodrecem nossas histórias”, ressalta, no prefácio do livro. Renata Heinz comenta que o projeto começou a ser criado em 2019 e que, além da escrita, foi responsável pela criação do projeto gráfico e diagramação. A capa do livro também foi criada pela autora, a partir de um autorretrato. A escritora recorda que, entre outros percalços neste projeto independente, houve o atraso na previsão inicial de lançamento. “A gráfica onde eu imprimiria os exemplares foi fortemente atingida pelas enchentes, em 2024”, lembra.
A escritora, que tem uma trajetória consolidada na área audiovisual, fez a adaptação do conto Maria, 1971 para o cinema, o transformando no curta-metragem manifesto Rien Que Flanerie, de 2021. A produção foi exibida no festival The international Women´s film festival de Aarhus, na Dinamarca, e no festival Festival RENUAC de Santiago do Chile – Categoria Cortos Feministas, no Chile.
Confira abaixo dois trechos de contos do livro Carnes povoadas:
“Tenho dificuldade em lembrar a primeira vez em que engoli uma palavra. Na verdade, nem sei se fiz por medo de ser julgada ou de ser roubada. Raras. Preciosas. Inconscientemente, deixei que ficassem escondidas, perto do céu da boca, confortáveis sobre a língua. Arejadas em um suspiro, viajavam pelos meus pulmões como se fossem formar um som, com medo forjava um espirro.”
(conto Lucia, 1983)
“Augusto é um homem de palavra, não permite que eu ande sozinha pelo campo. Não precisa explicar seus motivos. Sei que ele gosta de me ter ao seu lado enquanto escreve seus discursos. Em silêncio. Escuto o movimento da escrita no papel, ritmado, apressado. As suas narinas mexendo quando o ar entra por elas. Ouço a sua respiração, a minha não.”
(Conto Cassandra, 1855)
Sobre a autora
Roteirista, diretora de cinema e diretora de arte, Renata Heinz é apaixonada por escrever desde criança, sendo Carnes povoadas sua estreia na literatura. Entre suas influências literárias, estão as escritoras Silvina Ocampo, Clarice Lispector, Conceição Evaristo, Florbela Espanca, Sylvia Plath e Elena Ferrante. Renata encontrou no cinema seu primeiro espaço profissional para dar vazão à sua vontade de contar histórias, principalmente com a criação de roteiros e direção de filmes. Na sua atuação de mais de 20 anos no setor audiovisual, destaca-se a direção de dois longas documentários Horror.DOC (2012) e Berlim Brasil (2009), e dos curtas de ficção Mariposas (2017), Apenas um dia (2015), Frágil (2014) e Sangue e goma (2011), entre outras produções. Graduada em Publicidade e Propaganda, especialista em Cinema e mestre em Ciências da Comunicação na linha de mídias e processos audiovisuais, é professora da especialidade de Direção de Arte no Curso de Realização Audiovisual da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

Carnes povoadas
Renata Heinz
160 p.
R$ 60
Edição da autora
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