Cem anos de Maria Dinorah

Instituto Maria Dinorah celebra o centenário da escritora pioneira da LIJ em evento em Porto Alegre

Edição: Vitor Diel com texto da assessoria
Arte: Reprodução

Em um gesto de reverência à literatura gaúcha e à lembrança de uma de suas vozes mais singulares, o IMADIN – Instituto Maria Dinorah promoveu um encontro comemorativo ao centenário do nascimento de Maria Dinorah Luz do Prado no dia 24 de maio. Escritora cuja obra infantojuvenil e poética se inscreve com delicadeza e potência no imaginário de gerações de leitores, Maria Dinorah foi uma pioneira da literatura para a infância ao aproximar o contato entre autora e leitores, por sua preocupação com a infância e pela consciência da gravidade do papel do educador. Das 10h às 12h daquele dia, a Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul recebeu familiares, leitores, amigos e estudiosos da obra da autora gaúcha.

Com entrada franca e espírito coletivo, a celebração reuniu admiradores unidos pelo desejo de manter viva a chama que sempre impulsionou Maria Dinorah: uma escrita sensível, lúdica e profundamente humana.

A condução do encontro ficou a cargo de Carmen Prado, uma das diretoras do IMADIN e filha da homenageada, que, ao lado dos irmãos Malu Prado Bresser Pereira e Luiz Carlos Prado, emocionou o público com relatos íntimos, memórias pessoais e reflexões sobre o legado literário da mãe. Em meio a leituras de textos, contações de histórias, projeções de imagens e momentos de música instrumental ao vivo, a presença de Maria Dinorah se fez sentir em cada gesto, cada palavra e cada olhar.

Luiz Carlos Prado, Carmen Prado e Malu Prado Bresser Pereira, filhos de Maria Dinorah, e Patrícia Pitta, diretora e uma das idealizadoras do IMADIN. Divulgação/IMADIN

Patrícia Pitta, diretora e uma das idealizadoras do IMADIN, apresentou a história e a trajetória do Instituto, ressaltando a relevância das ações que vêm sendo desenvolvidas. São projetos voltados para crianças e adolescentes em acolhimento institucional, que reafirmam o compromisso com o legado de Maria Dinorah, utilizando a literatura como base para o aprendizado criativo e o desenvolvimento de competências emocionais.

Já o projeto Pensando Junto, pergunto, dá assunto?, apresentado por Carmen Prado e Aline Santos e Silva, é uma proposta audiovisual que entrelaça literatura e psicanálise, promovendo leituras comentadas da obra da escritora sob perspectivas sensíveis e interdisciplinares.

Além disso, uma das pessoas mencionadas, em reconhecimento ao apoio incansável ao Instituto, foi a Promotora de Justiça Cinara Vianna Dutra Braga, cuja dedicação foi calorosamente destacada pelos organizadores como parte essencial da caminhada do IMADIN.

Instituto mantém vivo o legado e o espírito agregador da autora

Fundado em 2016, o IMADIN – Instituto Maria Dinorah – espaço de referência para o fomento da literatura é exatamente o que seu título sugere: um espaço de incentivo, apoio e suporte à arte literária.

Pensado como um ambiente propício à vivência literária, aberto e democrático, com atenção ao adulto e à criança, ao especialista e ao diletante, o IMADIN foi idealizado por Patrícia Pitta e pela filha caçula da escritora, Carmen Prado Nogueira, com a anuência, amparo e incentivo dos demais herdeiros do espólio da autora, Luiz Carlos Prado, Maria Luiza Prado Bresser Pereira e Luiz Alberto Prado.

Entre as ações do Instituto, estão a publicação de autores como Isadora Dutra e Tiago Severo Garcia, além da promoção de cursos e eventos que potencializam os nomes de novos autores e mantém viva a obra e a memória da autora.

Maria Dinorah publicou mais de cem livros em cinquenta anos de carreira. Foto: Giovani Urio/LRS

Sobre a autora
Professora por formação, contadora de histórias, ativista cultural, colunista de jornais e escritora, Maria Dinorah Luz do Prado foi uma das primeiras autoras a pensar a literatura infantil e infanto-juvenil no Rio Grande do Sul. Nascida em Porto Alegre, em 13 de maio de 1925, filha de Antônio Luz e Adylles Dinorah Britto Luz, aos três anos de idade mudou-se para Colônia de São Pedro, próximo a Torres. Em 1931, a família se estabeleceu na cidade de Torres, onde ela passou a juventude, voltando à região metropolitana apenas em 1938, agora na cidade de Gravataí. Casou-se com Luiz Bastos do Prado em 1944 e com ele teve quatro filhos.

Ficou viúva em 1964 e se estabeleceu em Porto Alegre em 1966. Alfabetizadora logo no início de sua vida profissional, graduou-se em Letras pela Faculdade Porto-Alegrense de Filosofia, Ciências e Letras em 1973. Trabalhou como professora de Português e alfabetizadora de 1965 até 1989, na Escola Diogo de Souza, em Porto Alegre, e na Escola Agrícola de Cachoeirinha. Mestre em Letras pela UFRGS em 1978, publicou mais de cem livros entre 1944 e o final dos anos 90, maior parte composta por poemas e literatura para crianças e adolescentes.

Seu trabalho foi reconhecido por nomes como Erico Verissimo, Carlos Nejar, Luiz Antonio de Assis Brasil, Mario Quintana, Antônio Hohlfeldt, Carlos Drummond de Andrade e Caio Fernando Abreu. Ao longo dos 50 anos de carreira, colecionou prêmios e distinções, como o Jabuti em 1992 e o patronato da Feira do Livro de Porto Alegre em 1989 (primeira vez destinado a uma mulher), além do reconhecimento pela Fundação Nacional Livro Infantil e Juvenil, Feira do Livro de Bolonha, na Itália, e Instituto Jean Piaget, em Lisboa. Maria Dinorah faleceu em 15 de dezembro de 2007, em Porto Alegre, em virtude de complicações respiratórias.

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