Em sua estreia na literatura, Luiz Carlos Schroeder compartilha com os leitores as impressões emocionais e históricas sobre seu pai, um descendente de mestres-cervejeiros alemães chamado Ewald: “(…) um homem alto e de ombros largos, forte como uma araucária, mais de um metro e oitenta e cem quilos, um gigante. Diz que no semblante tinha a sisudez de um elevado militar prussiano ou o sorriso de um soldado raso em dia de soldo”, descreve.
Com a morte do protagonista ainda na primeira infância do autor, um monumento de lembranças é erguido sobre relatos e episódios carregados de afeto. Ao final, Schroeder relata como aos dez anos tomou conhecimento da doença do pai e da proximidade da sua morte, que trouxe tristeza, tempos de extrema dificuldade e incertezas à família. Em uma noite, antes de dormir, colocou o pijama e deitou ao lado de Ewald na cama de casal. O pai passou o braço sob o seu pescoço e ambos ficaram aconchegados, um ouvindo a respiração do outro, sem nenhuma palavra, sabendo que era o início da despedida e que a cena não ia mais acontecer. “Aquele braço por debaixo do meu corpo é mais do que um abraço, é a expressão do carinho que naquela noite ele tem para me dar”, relembra.
Sobre o autor
Luiz Carlos Schroeder é pai de quatro mulheres e um homem, paranaense de Toledo cursou Direito na UFPR, em Curitiba. Foi advogado, vereador, professor universitário e juiz do trabalho e atualmente reside na zona rural da Serra gaúcha, onde escreve e cuida de lavandas e oliveiras.

Ewald: um alemão
Luiz Carlos Schroeder
196 pp.
16 cm X 23 cm
978-85-5527-095-6
R$ 48,00
Edições BesouroBox

Achei um poema de Luiz Carlos em meus achados e deve ser dos idos do inicio da internet, não sei onde peguei mas achei lindíssimo. Vai abaixo
Três pequenas cidades
no alto das montanhas,
serra da mantiqueira
pico de agulhas negras
deu vontade de ficar
Banhar nos rios e cachoeiras
andar pela floresta
cheirar matas
ouvir pássaros
barulho de águas límpidas
Durante o dia faz calor
menos nos meses sem “r”
nestes faz frio
À noite sempre cai
gostosa prá dormir
Não tem banco
não tem cheque
dinheiro uma vez no mês
tudo na caderneta
vale a palavra do morador
As pessoas se conhecem
amigas entre si
todo mundo diz bom dia minha senhora
boa tarde meu senhor
direi boa noite meu amor
O motorista do ônibus é comprador
traz da cidade o que falta
O mercado entrega em casa
A moça da floricultura
colhe flores no jardim
Minha casa me seduz
tem um bosque fascinante
um jardim encantador
um pomar entrelaçado
um poema de luar
A casa tem três quartos,
um no sótão, um no porão
uma varanda de trabalho
uma copa e cozinha
uma sala com lareira
O jardim tem dois planos
muitas flores, muita planta
tem bromélia, tem hortências
tem árvore e gramado
uma mesa prá almoçar
O pomar tem um banco
à sombra fresca
pêssegos e outras frutas
tem raízes
que me prendem
Você sabe
vou morar comigo mesmo
esfriar corpo
descansar cabeça
iluminar alma
preparar meu coração
prá ser feliz
viver o grande amor
Enquanto você não chega
namorarei como passarinho
beijando flores
seduzindo bromélias
atraindo hortências
cantando margaridas
cheirando rosas
mordiscando amoras
amores
bebendo sem dores
o nectar dos rios
Luiz Carlos Schroeder
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