Horto, Auta de Souza

Edição: Vitor Diel
Arte: Giovani Urio

Publicado originalmente em 1910, Horto é um marco na literatura brasileira. Construindo um sofisticado caldeirão estético, cheio de signos e de significantes complexos, a obra chega ao público de 2019 através da Figura de Linguagem, casa editorial porto-alegrense “orgulhosamente independente”, segundo seus editores, e empenhada na promoção do talento negro.

Segundo a editora, “a circulação e a recepção do trabalho de Auta de Souza se revelou problemática ao longo das décadas porque as circunstâncias sociais da autora ofereceram à academia preguiçosa e à sociedade civil desmiolada o cenário ideal para as ações que essas duas instituições mais apreciam: vilipendiar e esquecer”.

No prefácio, Olavo Bilac escreve: “Aqui a alma vibra em liberdade, sem a preocupação das afetações da forma, livre da complicada teia do artificio. Ingenuamente, comovida e meiga, essa alma de mulher vai traduzindo em versos os mundos de sensações, agora ardentes, agora tristes, que o espetáculo da vida vai sugerindo”. E conclui: “Horto será, para os que amam a linguagem divina do verso, um desses raros livros que se leem e releem com um encanto crescente”.

Sobre a autora
Tendo vivido apenas vinte e quatro anos, Auta nos deixou uma obra simbolista sólida, que só encontra par, na América Latina, na poesia do catarinense Cruz e Souza. Sozinha, ela enfrentou e venceu as barbáries da misoginia, do racismo e da má literatura, condições que resultaram no apagamento de seu nome e de seu legado no cânone da literatura brasileira.

Sobre a edição
Horto, de Auta de Souza, é um livro de poemas de 197 páginas, com formato de 14 cm X 21 cm, editado pela Figura de Linguagem no inverno de 2019. A editora assina a capa e o projeto gráfico. Preparação dos originais por Luiz Maurício Azevedo e prefácio por Olavo Bilac. ISBN: 978-855317719-6.

Com informações da editora

Literatura RS

3 respostas para ‘Horto, Auta de Souza

  1. Não comprem este livro. E um total desrespeito à obra de Auta de Souza. Poemas sem títulos, péssima diagramação; faltam mais de dez poemas constantes do Horto; tem poema com nome errado, poemas que emendam um com outro, para dizer o mínimo sobre esse puro oportunismo literário. Um verdadeiro acinte contra a memória de Auta de Souza. carloscastim@yahoo.com.br

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  2. Essa edição lançada pela Figura de Linguagem é um vilipêndio à obra poética de Auta de Souza, e diante de inúmeras falhas editoriais, é para ser esquecida. Nas informações acima, logo no primeiro parágrafo, já se verifica o desconhecimento total da obra Autaniana, por parte dos responsáveis pela infeliz iniciativa. O Horto não foi publicado originalmente em 1910. A primeira edição com tiragem de 1000 exemplares, segundo Câmara Cascudo, em sua obra biográfica sobre a poetisa, circulou em Natal em 20 de junho de 1900. 1910 foi o ano de impressão da segunda edição, em Paris, sob os auspícios de Henrique Castriciano, irmão de Auta de Souza. A foto acima das págs. 23 e 24 é um exemplo inconteste do descaso editorial em tela. Vejamos: na pág. 23 está reproduzido parcialmente o poema Desalento a partir da terceira estrofe. Logo na página seguinte está reproduzido, sem título, o poema Ao Luar. Como o livro não possui índice ou sumário, não há como o leitor identificar este poema, assim como aos demais que também estão sem título e ligados entre si. A obra não é simbolista. Nunca foi. Auta de Souza jamais pertenceu a qualquer escola literária específica, posto que o Horto contempla um amplo passeio poético pelo Arcadismo, Romantismo, Simbolismo, até o Parnasianismo. Outro detalhe importante: Auta de Souza Jamais sofreu qualquer discriminação racial, social ou misógina. Afirmar isto, revela total desconhecimento sobre a jovem poetisa macaibense e sua vida. Difícil, ou melhor, dificílimo acreditar que esta editora, com tantos equívocos históricos e literários nesta edição do Horto, além do descuido editorial e péssima diagramação, esteja empenhada em promover o talento negro.

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