Clube do Livro Silenciadas redescobre escritoras esquecidas da literatura brasileira

Criada pela escritora Lu Aranha, iniciativa propõe ser um espaço dedicado à promoção da leitura de autoras nacionais

Edição: Vitor Diel sobre texto da assessoria
Arte: Giovani Urio sobre foto divulgação

Em um movimento inspirador para resgatar vozes femininas esquecidas pela história da literatura, o Clube do Livro Silenciadas anuncia seu lançamento, proporcionando uma oportunidade única para os amantes da leitura mergulharem em obras marcantes e muitas vezes negligenciadas. Idealizado por Lu Aranha, escritora, jornalista e professora de escrita criativa, o Clube busca resgatar escritoras que foram apagadas da história da literatura brasileira, que escreveram ou publicaram obras relevantes para o seu tempo, com temas relevantes para a contemporaneidade. 

O Clube terá duração de 4 meses, trabalhando uma obra por mês e agregando a leitura o debate, compreensão de todo o contexto histórico e vida da autora através de materiais complementares semanais. “Também vamos analizar os enredos, escolhas narrativas, estilos e questões peculiares de cada um, que muitas vezes são desconsideradas em leituras individuais”, salienta a curadora. 

Entre as obras selecionadas para a primeira edição estão O Escravo, de Carolina Maria de Jesus, A Falência, de Júlia Lopes de Almeida, Úrsula, de Maria Firmina dos Reis  e Parque Industrial, de Pagu. De acordo com Lu Aranha, começar pela escritora mais conhecida, afinal Carolina Maria de Jesus virou nome de uma das maiores premiações públicas do país em 2023, é  uma forma de colocar na roda de leitores o debate sobre o elitismo literário existente no Brasil. “Muitas vezes em sala de aula, trabalhando com outros escritores em seus manuscritos, percebo o quanto ainda o preconceito linguistico é presente e enraizado em nossa cultura. Precisamos quebrar diversos paradigmas para que os índices de pessoas que leem aumente na sociedade. Um deles, com toda a certeza tem a ver com o modo como escrevemos nossas histórias e Carolina de Jesus é a melhor escolha para abrir esse debate”, salienta. 

Por outro lado, o Clube do Livro Silenciadas também se propõe a discutir os motivos de temas como o tratado em A Falência, de Júlia Lopes de Almeida, ainda são tão atuais. “Há todo um menosprezo ao gênero feminino que também contaminou os setores artísticos da nossa cultura. Imaginem que Júlia foi a idealizadora da Academia Brasileira de Letras, mas nunca ocupou uma cadeira porque ela era mulher. Talvez, se ela tivesse tido a chance, hoje não nos perguntaríamos se traiu ou não traiu, mas afirmaríamos o quanto a autonomia feminina é importante para a sociedade”, reflete a curadora. 

A escolha de Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, foi pelo valor histórico, além do enredo ultra-romântico e da crítica à escravidão. Esta obra é considerada um dos primeiros romances de autoria feminina no país, datado de 1859. A última obra a ser lida será Parque Industrial, de Pagu, também pela importância histórica do desenho da sociedade brasileira do começo do século XX, mas por ser um romance proletário, onde as questões mais cruéis do acúmulo de riquezas se fundem a questões de foram intimo e dramas cotidianos. Lu também confessa que a escolha foi uma forma de homenagear Rita Lee.  “Foi através dela e da Zélia Ducan que eu descobri que existiu uma mulher chamada Pagu, que foi tão importante em seu tempo, mas também apagada dos livros de história. 

Para participar, basta realizar a inscrição no site oficial Clube dos Escritores – Silenciadas. Mais informações podem ser obtidas através  página ou pelo e-mail contato@clubeescritores.com. As inscrições estão abertas até o dia 5 de março, com o primeiro encontro virtual marcado para o dia 8 de março, uma data simbólica que coincide com o Dia Internacional da Mulher. “Em vez de flores, vamos oferecer boas leituras, reflexões e conhecimento”, destaca a curadora.

Sobre a curadoria
Lu Aranha é escritora,  jornalista e  professora no Curso de Formação de Escritores da Editora Metamorfose. Publicou mais de 35 títulos, entre dramas, comédias românticas, eróticos, antologias e romances contemporâneos, todos em formato impresso e digital. Idealizadora do Clube de Escritores, foi semifinalista do Prêmio Sesc de Literatura em 2017, é especializada em literatura de entretenimento e autopublicação. Seu último romance, Eu era a sua falta, foi lançado em 2023.

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