Heroínas brasileiras em quadrinhos

Graphic novel presta homenagem a personalidades da cultura brasileira como Carolina Maria de Jesus, Maria da Penha e Leila Diniz, entre outras

Texto e edição: Vitor Diel
Arte: Giovani Urio sobre reprodução

A história do século XX no Brasil é repleta de personagens que impulsionaram as transformações necessárias para o avanço dos ideais progressistas na sociedade. A historiografia oficial celebra essas personalidades de muitas maneiras – e o que se percebe é que os feitos e esforços realizados por homens impõem-se sobre as conquistas promovidas pelas mulheres. A ressignificação dessa história e o resgate das biografias de algumas dessas protagonistas é a principal motivação do livro “D.I.V.A.S Brasileiras”, de Guilherme Smee e Eduardo Ribas, obra que reúne o perfil de dez mulheres reais transpostas para uma narrativa em quadrinhos, distribuída em dez capítulos.

Com o artifício de recursos narrativos místicos, muito comum nas histórias de super heróis, D.I.V.A.S Brasileiras conta a história da fictícia organização Damas Intrépidas Vigiando Amorosamente a Sociedade, em torno da qual algumas personagens históricas mobilizaram-se para combater um vírus chamado 1D3O-LOG14D-GEN, alegoria para “ideologia de gênero”. Começando em 1914, com a história de Nair de Teffé, “a primeira-dama brasileira mais vanguardista da história”, como indica o livro, o arco narrativo da HQ se estende até os tempos atuais, com Maria da Penha, passando por personagens como a pintora Anita Malfatti e a modelo Roberta Close.

“Decidimos produzir uma HQ com os perfis de mulheres brasileiras porque percebemos que existe pouca oferta de histórias em quadrinhos que abordam este tema que não seja de uma forma ultrapassada e calcada demais no didatismo. Por isso, buscamos colocar na nossa HQ  uma representante para cada década do século XX”, explica o roteirista e colunista de LRS Guilherme Smee.

Reprodução

As ilustrações de Eduardo Ribas evocam o universo dinâmico, kitsch e farsesco das histórias de super-heróis, tornando a leitura divertida e envolvente. A edição conta com notas biográficas da Professora Doutoranda Natania Aparecida da Silva Nogueira, integrante da Associação de Pesquisadores em Artes Sequenciais, historiadora e pesquisadora do feminismo e do feminino nas histórias em quadrinhos. “Tentamos buscar um meio termo entre fatos reais das vidas dos personagens e algumas licenças poéticas”, completa Smee.

O livro terá lançamento oficial durante a CCXP Worlds, um dos maiores eventos de cultura pop do mundo, que acontece de 4 a 6 de dezembro, pelo site  www.ccxp.com.br (link externo). A obra está à venda por R$ 30 no site www.epicdoo.com (link externo) e foi um dos projetos selecionados pelo Prêmio Funarte Descentrarte 2020. Parte da tiragem será doada para o Sistema Estadual de Bibliotecas do Rio Grande do Sul, que conta com quase 600 bibliotecas no estado.

Sobre os autores
Guilherme “Smee” Sfredo Miorando é roteirista, quadrinista, redator e designer gráfico. É doutorando em Ciências da Comunicação, Mestre em Memória Social e Bens Culturais, Especialista em Imagem Publicitária e Especializando em Histórias em Quadrinhos. Entre seus quadrinhos publicados estão Desastres Ambulantes, Sigrid, Bem na Fita e Só os Inteligentes Podem Ver. instagram.com/guilhermesmee, http://www.splashpages.wordpress.com.

Eduardo Silva Ribas é quadrinista, designer e marceneiro nas horas vagas. Natural de São Vicente/SP, mudou-se para Campo Bom, no RS, em 2005, onde vive até hoje. Divide seu tempo entre a loja de decoração que tem com sua esposa e os quadrinhos, desde 2017, quando lança sua primeira HQ, O Jogo Mais Difícil do Mundo. Segue produzindo e lançando suas histórias de forma independente desde então. instagram.com/epicdoo epicdoo.com.

D.I.V.A.S. Brasileiras
Quadrinhos
Guilherme Smee, Eduardo Ribas (ils.)
148 p.
14,8 X 21 cm
R$ 30
Compre aqui (link externo)

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